O que é um bioplástico?
Segundo a Associação Europeia – European Bioplastic (2020), os bioplásticos não são apenas um material, e sim uma família de materiais com diferentes propriedades e aplicações. Podem ser produzidos a partir de base biológica, serem biodegradáveis, ou ambos. Tais materiais podem ser separados em duas grandes classes: biodegradáveis e não biodegradáveis.
Os tipos de bioplástico
Apesar da atenção crescente, o termo 'bioplástico' ainda tem seu conceito mal compreendido. O termo 'bioplástico' engloba dois conceitos distintos:
Plásticos de base biológica: plásticos (parcialmente ou totalmente) feitos de recursos biológicos e renováveis, como grãos, algas, tubérculos ricos em amido, cana-de-açúcar;
Plástico biodegradável: plásticos que podem ser degradados por microorganismos naturais em água, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e compostos inorgânicos sob certas condições. O processo de biodegradação depende das condições ambientais envolventes (por exemplo, localização ou temperatura), do material e da aplicação (European Bioplastics, 2016).
Processo de biodegradação x degradação Os plásticos biodegradáveis são materiais que se degradam completamente ao ataque microbiano em pouco tempo, sob condições apropriadas do meio ambiente. A propriedade de biodegradabilidade é decidida pela composição química de um polímero e não por sua fonte. Da mesma forma, o tempo de biodegradação é decidido pelos fatores ambientais, como temperatura e consórcio microbiano nas proximidades.
Um dos biopolímeros mais promissores para comercialização de embalagens é o poli (ácido lático) (PLA). O PLA é um poliéster termoplástico produzido a partir de recursos renováveis. Este biopolímero pode ser produzido a partir de diversas matérias-primas naturais, como milho ou cana-de-açúcar, e pode ser degradado em condições de compostagem por meio de um processo de hidrólise seguido de ataque de microorganismos.
O PLA se decompõe completamente em matéria orgânica, CO2 e água. Após hidrólise ou alcoólise, o PLA é regenerado como ácido lático. Quando é degradado em uma instalação de compostagem industrial e não emite quaisquer subprodutos tóxicos após a oxigenação. Benefícios do bioplástico Atualmente, os bioplásticos 100% de base biológica são produzidos em uma escala de aproximadamente 2 milhões de toneladas por ano e são considerados parte das futuras economias circulares para alcançar alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU), como desviar de recursos fósseis, introduzindo novas vias de reciclagem ou degradação e usando reagentes e solventes menos tóxicos nos processos de produção.
Algumas vantagens notáveis dos bioplásticos são:
Pegada de carbono reduzida
Fim de vida gerenciado
Emissão reduzida dos gases de efeito estufa (GEE)
Redução da dependência de combustíveis fósseis
Matéria-prima diversificada
Sustentável e ecologicamente correto
Algas como matéria-pima Os bioplásticos à base de algas estão ganhando cada vez mais atenção para substituir o plástico comercial em direção a uma economia circular sustentável. Entre os organismos fotossintéticos, as algas são os recursos mais promissores para a produção sustentável de materiais de base biológica, como biocombustíveis e bioplásticos, para uma economia circular de baixo carbono. "As algas apresentam taxa de crescimento superior ao das plantas e micróbios quando usadas para produzir bioplástico. Elas têm requisitos mínimos de nutrientes e menor dependência das condições climáticas para o cultivo, além de natureza não competitiva para alimentos no Brasil. Já no cultivo de plantas terrestres, existem desafios como a ocupação de terras aráveis e o “debate combustível x alimento”.
As algas marinhas são ricas em polissacarídeos como carragena, ágar-ágar e alginato, que são as matérias-primas para a produção de bioplásticos. As microalgas são uma das principais razões pelas quais os oceanos são os maiores sumidouros de CO2 .
Outra razão para as algas serem uma fonte ideal de produção de bioplástico é que elas capturam diretamente o carbono atmosférico e o prendem em biopolímeros. Por exemplo, Chlorella vulgaris absorve a quantidade máxima de CO2 e é amplamente estudado para a produção de bioplástico. As algas podem capturar até 960 kg de CO2 por tonelada. Há espaço abundante disponível para microalgas, já que cerca de 3/4 da superfície da Terra é água.
Assim, utilizá-los para esse fim converterá a biomassa residual em uma mercadoria universal e, ao mesmo tempo, mitigará as mudanças climáticas
Diferencial da Grisea A Grisea integra a produção de algas no litoral do estado do Rio de Janeiro à crescente demanda mundial por soluções que promovam a substituição do plástico de petróleo não-biodegradável. A Grisea está desenvolvendo um produto termoplástico usando algas marinhas, que será utilizado para a produção de utensílios de uso único, que hoje são descartados de maneira incorreta, causando enormes prejuízos ambientais.
Conclusão A crescente demanda do consumo de plástico está intensificando o problema do lixo plástico. Isso só pode ser mitigado com alternativas mais verdes e sustentáveis, como o plástico biodegradável ou compostável, que se acumula no meio ambiente por menos tempo. Atualmente, os bioplásticos compreendem apenas 1% do enorme mercado multimilionário de plástico (European Bioplastics 2020).
O mercado de bioplásticos está ganhando atenção rapidamente, pois as empresas estão sendo pressionadas globalmente para 'Go Green' e neutras em carbono. Com uma taxa de crescimento anual de 30%, indica que os bioplásticos provavelmente influenciarão notavelmente a cadeia de suprimentos de plásticos globalmente.
As algas estão ganhando cada vez mais atenção como potenciais matérias-primas para a produção de bioplástico para fins de embalagem na última década. Os bioplásticos à base de algas são biodegradáveis, de fonte biológica e renováveis. São uma alternativa sustentável para os plásticos de fonte fóssil. Conteúdo e redação por:
Carolina Moutinho Linkedin