O plástico é uma invenção humana que trouxe muitos benefícios para a sociedade. Sua versatilidade e durabilidade foram essenciais para o avanço de diversas indústrias e para a criação de produtos que melhoraram a vida das pessoas em todo o mundo. No entanto, a gestão inadequada por parte das indústrias e governos, juntamente com o surgimento do plástico de uso único, resultou na transformação desta inovação em um desastre ambiental de proporções globais.
Desde a década de 1950, a humanidade gerou uma quantidade astronômica de plástico, totalizando aproximadamente oito bilhões de toneladas. Essa produção exacerbada de plástico contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, responsabilizando-se por cerca de 4,5% do total, quase o dobro do que é gerado pela indústria da aviação, por exemplo. Surpreendentemente, apenas uma pequena parcela, meros 9%, é efetivamente reciclada. A tragédia ambiental aumenta quando o plástico é descartado de maneira inadequada, infiltrando-se em rios, córregos e ecossistemas aquáticos, tornando-se uma ameaça direta à vida marinha.
Pensando nessas questões, muitas pessoas, encontram inspiração na sustentabilidade e no potencial criativo de materiais descartados, produzindo obras de arte a partir de lixo, principalmente plástico, retirado da natureza. Desta forma, além de criarem belas produções e retirarem materiais poluentes da natureza, ainda contribuem para conscientização da população quanto à utilização e o descarte de materiais plásticos, pois essas obras carregam consigo uma mensagem sobre a necessidade urgente de repensarmos nossos hábitos de consumo e descarte.
Além de estimular a reflexão sobre questões ambientais, a arte com materiais descartados também promove a inclusão social e econômica. Muitos projetos envolvem comunidades carentes, oferecendo oportunidades de emprego e capacitação em habilidades artísticas. Dessa forma, a reciclagem não apenas beneficia o meio ambiente, mas também contribui para o desenvolvimento humano.
Um ótimo exemplo de idealizador dessa proposta é o artista plástico André Fernandes que há mais de 20 anos, transforma o lixo plástico que cata nas praias em obra de arte. Após recolher o lixo das praias, principalmente lixo plástico, o artista leva os materiais para seu ateliê onde produz suas peças, que são depois colocadas em pontos da cidade onde reside, na Bahia, ou doadas a escolas.
"A ideia das minhas obras nas ruas é passar uma mensagem de consciência ecológica, não é só mostrar beleza com o lixo. É consciência ambiental, porque sabemos que o lixo plástico está acabando com o planeta", ressalta o artista.
Outros artistas
Mundo afora, outros artistas empenham-se em criar obras a partir de materiais descartados. O português Bordalo II baseia sua arte na utilização de resíduos urbanos, guiado pelo lema “o lixo de um pode ser o tesouro de outro”. A japonesa Sayaka Ganz cria sua arte considerando a crença japonesa que cultua a natureza e condena o descarte prematuro de objetos. Por isso, ela evita o desperdício de materiais plásticos que para a maioria das pessoas seria jogado fora e dá um novo significado a eles.
Cada obra é um lembrete palpável de que, com criatividade e comprometimento, podemos transformar o que muitos consideram lixo em algo belo e significativo. A arte com reciclagem é uma ótima maneira de nos lembrar da nossa responsabilidade de cuidar do planeta que compartilhamos.
Nesse sentido, devemos nos atentar para a utilização consciente do plástico e a adoção de materiais alternativos e biodegradáveis são imperativas para reduzir os impactos ambientais negativos causados pelo descarte inadequado de resíduos.
O bioplástico feito com algas marinhas, por exemplo, surgem como uma alternativa promissora para diminuir os problemas associados ao plástico convencional. É importante que essas inovações biotecnológicas tenham investimento para alcançarem cada vez mais pessoas e sejam amplamente adotadas em diversos setores da indústria. A transição para essas alternativas mais ecológicas não apenas beneficia o planeta, mas também abre novas oportunidades econômicas e promove um modelo de desenvolvimento mais responsável e sustentável.
Conteúdo e redação por:
Mariana Soares
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