Concentração de CO2 na atmosfera e a crise climática
A cada ano, a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera bate novos recordes, intensificando o efeito estufa e acelerando o aquecimento global, tornando cada vez mais frequentes eventos extremos, como ondas de calor, secas, tempestades, enchentes, ou até mesmo frio intenso em períodos e regiões, normalmente quentes.
Em fevereiro deste ano (2024), atingimos o recorde de concentração de CO2 na atmosfera. Sabe quando tivemos essa mesma concentração de CO2? Há 14 milhões de anos! É muito tempo né?! Para a gente ter uma ideia, nos anos de 1900 as emissões globais de CO2 eram de 2 bilhões de toneladas, esse número triplicou em apenas 50 anos, aumentou mais de 10 vezes em apenas 100 anos e ano passado, 2023, atingimos o número de 40 bilhões de toneladas de CO2 emitidas na atmosfera, um aumento de 20 vezes, apenas 123 anos depois. Assustador, né?!
Esse crescimento exponencial da emissão e da concentração de CO2 na atmosfera foi uma consequência do nosso progresso industrial, nos últimos 250 anos, que claro, nos trouxe muitas melhorias de vida, melhorou a expectativa de vida, a educação, o poder de consumo, nos permitiu ter automóveis, celulares, internet, medicamentos etc., mas infelizmente todo esse avanço nos trouxe um prejuízo gigante, que cada dia fica mais difícil não perceber seus efeitos no nosso dia a dia. Quem mais, esse ano, sofreu com o calor no meio do inverno? Ou não viu os céus azuis se transformarem em cinza, com as fumaças? E infelizmente há regiões no mundo, e no nosso país, que já estão sofrendo consequências bem mais graves, como enchentes e secas. Recentemente, você deve ter visto notícias sobre a pior seca já registrada, que secou leitos de rios da bacia amazônica.
Mas calma, no meio desse cenário preocupante, existe uma esperança verde: as algas!
Como as algas podem ser uma solução para o problema do clima?
As algas, podem ser vistas como um exército silencioso, que está nos oceanos combatendo um dos maiores desafios da humanidade: as mudanças climáticas. Isso porque elas são cruciais para a redução da concentração de CO2 na atmosfera.
As algas utilizam o CO2 do ar para produzir a energia que precisam para sobreviver e ao final desse processo liberam oxigênio (O2) para o meio ambiente, e para isso também precisam de luz do sol. Bem parecido com as plantas. Você já deve ter ouvido falar que as plantas fazem fotossíntese, né?! Então, as algas também! Essa tal fotossíntese é o jeito pelo qual as plantas, e as algas, conseguem produzir seu alimento, já que elas não têm “boca para comer”.
Já tinha parado para pensar de onde vinha a comida das algas? Elas mesmo que produzem. Legal, né?! Só que para isso, elas precisam absorver o CO2 do ar e liberar O2. É o oposto do que nós fazemos quando respiramos. Quando você respira, você inspira (absorve) O2 e expira (libera) CO2.
Acho que deu para a gente ver o quanto as algas e as plantas são importantes para ajudar a limpar, todo aquele excesso de CO2 que a gente tem produzido.
Com certeza você já ouviu alguém falar da importância das árvores pra gente ter um ar mais puro para respirar, e isso é devido a tal fotossíntese que elas fazem. Mas o que a maioria das pessoas não sabem, é que as algas conseguem absorver muito mais CO2 do que as plantas. As algas transformam um problema em solução, limpando o ar que respiramos e contribuindo para um planeta mais saudável!
Como as algas reduzem o carbono?
As algas, diferentemente das plantas que são terrestres, vivem em ambientes aquáticos, podendo absorver nutrientes diretamente da água. Dessa forma, elas não precisam desenvolver troncos, caules e nem raízes para absorver nutrientes e água, o que as ajuda a crescerem muito mais rápido do que as plantas terrestres. Cada vez que as algas crescem elas absorvem CO2, para produzir sua energia, lembra?! Mas elas também utilizam o carbono (C) do CO2, para formar proteínas, carboidratos e lipídios. Isso é o que a gente chama de “incorporação de carbono na biomassa”, ou seja, elas utilizam o CO2 para “colocar” o carbono dentro da sua estrutura física, dentro do seu “corpo”.
Quanto mais rápido as algas crescem, mais rápido elas retiram CO2 da atmosfera, contribuindo para a melhora do nosso clima. Algumas algas conseguem duplicar sua biomassa em dias ou até horas. Essa capacidade de captura de carbono é ainda maior em "florestas de algas", que formam grandes comunidades submersas, capazes de armazenar até 20 vezes mais carbono por hectare do que as florestas tropicais. Incrível!
Além disso, algumas algas, quando morrem, levam todo esse carbono para o fundo dos oceanos, funcionando como um “sequestro” de CO2, que consiste em levar o gás para outro lugar que não seja a atmosfera. De acordo com relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática, órgão das Nações Unidas), o sequestro do CO2 (não exclusivamente pelas algas) poderia responder por pouco mais da metade do esforço necessário para impedir que o CO2 alcance concentrações perigosas na atmosfera. Parece uma grande solução, não é mesmo?!
Outras formas em que as algas podem nos ajudar
O potencial das algas para combater as mudanças climáticas é imenso! Fazendas de algas podem ser instaladas em áreas costeiras e até mesmo em desertos, regiões frequentemente subutilizadas, oferecendo uma alternativa sustentável. Além da vantagem de não competir com a agricultura tradicional. Esses cultivos podem ser realizados em sistemas fechados ou em tanques abertos, que permitem maior interação das algas com o ambiente.
Além de sequestrar carbono, as algas podem ser utilizadas para:
● Proteger a biodiversidade marinha: As algas podem servir de refúgio e fonte de alimento para inúmeras espécies de peixes e invertebrados;
● Produção de biocombustíveis: Substituindo os combustíveis fósseis, grandes responsáveis pela concentração de CO2 na atmosfera, por biocombustíveis à base de algas, diminuindo a dependência de fontes de energia não renováveis;
● Desenvolvimento de bioplásticos: Os bioplásticos feitos a partir de algas, como os desenvolvidos por nós, na GRISEA, são biodegradáveis e podem substituir os plásticos convencionais, reduzindo a poluição por plásticos nos oceanos;
● Agricultura sustentável: As algas podem ser utilizadas como fertilizantes naturais, melhorando a qualidade do solo e reduzindo o uso de fertilizantes químicos;
● Bioremediação: As algas são capazes de absorver poluentes presentes na água, como metais pesados, contribuindo para a limpeza de ambientes contaminados;
● Alimentação: As algas são ricas em nutrientes essenciais para o nosso organismo, como, minerais, vitaminas, proteínas, fibras e antioxidantes. Alguns tipos de algas utilizadas na culinária são, Nori, Wakame e Kombu.
Você já tinha imaginado que as algas eram tão incríveis assim?
Conclusão
Áreas de cultivo de algas precisam ser bem gerenciadas, sendo feitas de maneira sustentável, evitando impactos no ambiente marinho, já que a proliferação excessiva de algas pode levar a desequilíbrios nos ecossistemas aquáticos. Quando feito de forma correta, esses cultivos podem funcionar como ecossistemas artificiais, melhorando a qualidade da água e ajudando a diminuir o impacto de poluentes.
As algas são muito mais do que simples organismos marinhos. Elas são verdadeiras aliadas na luta por um futuro mais sustentável!
Na GRISEA, estamos focados em desenvolver soluções inovadoras, através dos potenciais incríveis das algas, para os desafios atuais e sermos parceiros no desenvolvimento de um planeta mais saudável.
Se você ficou interessado pelo assunto, nos acompanhe, para mais informações interessantes sobre o mundo das algas e para ficar sempre atualizado com as próximas novidades que estamos desenvolvendo.
Conteúdo e redação por:
Nádia Almeida
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